O Síndico sob Cenário de Pandemia – por Flávio Pierobon
8 min
Criado por Júlia Pinheiro em 13/05/2021 11:31
Atualizado por Júlia Pinheiro em 10/06/2021 16:41

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por Flávio Pierobon

Todos sabemos que o cenário da nova pandemia de Coronavírus afetou diretamente e inverteu temporariamente boa parte das prioridades na gestão de condomínios em grandes centros urbanos.

Especialmente na capital de SP, onde temos mais de 22 mil condomínios (Fonte: LELLO; Mapa dos Condomínios de São Paulo 2018) aglomerando pessoas que transitam diariamente em diversas partes da cidade, sabemos que estamos sujeitos a um risco alto para a disseminação de epidemias de agentes altamente contaminantes como o caso do Corona vírus e, com isso, caos social mediante a previsão de um colapso no sistema de saúde e outro no número de empregos que serão formalmente mantidos.

Em meio a esse cenário, o síndico, que é responsável civil e criminal perante os condomínios que gerencia, precisa:

1) entender e…

2) buscar ponderar os riscos existentes como se estivesse equilibrando a situação sobre o fio de uma faca.

Por um lado, ao priorizar ações que previnam exclusivamente a disseminação do vírus, é necessário manter os olhares amplos e antenados à possibilidade de colapso financeiro.

Dependendo de seu universo de condôminos, uma paralisação total, pode implicar em uma limitação sem precedentes na renda de  moradores e, com isso, por exemplo, a inadimplência pode vir a disparar nos meses subsequentes, comprometendo o Saldo agregado do condomínio.

Por outro lado, em priorizando ações de cunho financeiro exclusivamente, é muito pouco razoável esperar que haja eficácia nos resultados com o passar do tempo.

Entendemos que a economia é um círculo virtuoso de trocas da própria sociedade e que não é a quantidade de saldo em conta corrente que define se haverá prosperidade (ou não) para um condomínio e para seus moradores, mas sim seu poderio de compra.

Vale lembrar que se temos um cenário pandêmico, onde expressiva parte da população está ameaçada, teremos desordenamento socio econômico, com uma flutuação relevante nos preços por bens e serviços. Para tirarmos um exemplo muito bem definido dos efeitos do desordenamento, podemos pegar o que aconteceu com o preço do Álcool em Gel 70% no varejo nos últimos dias (do dia 17 de Março até a presente data; 25 de Março de 2020).

Uma reação exagerada na precificação do álcool em gel 70%, ou, por exemplo uma ordem de fazer-se predominar, exclusivamente interesses econômicos, como o não fechamento de fronteiras, de empresas, grandes construtoras com aglomerações em obras e do turismo tem efeito econômico similar ao carrinho a seguir:

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Apesar de haver pouco conhecimento científico consolidado ainda sobre a nova pandemia, é sensato lembrar que o ritmo econômico não deve “dar o passo maior do que a perna” e que a sociedade precisará estar economicamente harmonizada para que a locomotiva não se acidente e “descarrilhe” junto com inúmeras baixas.

Especialmente sob uma situação de Emergência ou de Calamidade Pública já decretada, os síndicos precisam ter ciência de que tomam para si alguns poderes similares ao que os governantes possuem para deliberar com maior facilidade e autonomia sobre seus condomínios.

Embora sua autoridade e liderança se restrinja a pequenos universos condominiais, eles representam juridicamente os moradores que ali se inserem e respondem pela omissão, ou falta de atuação em prol do bem coletivo também (e não apenas por decisões equivocadas). Consensualmente, isso já inclui:

  • fechamento de áreas comuns;
  • a instalação de dispensers de álcool em gel nas áreas comuns (pelo menos nas entradas sociais e de serviço, nos elevadores e, pode incluir também pontos com elevado risco de contaminação, como uma lavanderia coletiva, as escadas de emergência e as garagens);
  • a intensificação da comunicação das práticas recomendadas pela COVISA (no caso de São Paulo) e da OMS e o esclarecimento quanto à exigência de comunicação junto à gestão no caso de confirmação de casos de doenças epidêmicas como o atual Corona vírus.

Abordando o aspecto microeconômico da pandemia, os síndicos também podem fazer uma diferença e minimizar os efeitos econômico-financeiros cada qual um pouco sobre sua região ao incentivar os condôminos a manter alguma atividade econômica junto dos pequenos comerciantes, mesmo que seja tarefa um pouquinho mais demorada selecioná-los.

Os grandes comércios em meio a tropeços econômicos, dificilmente irão quebrar, exceto se boicotados, que não é o caso aqui proposto. Para o médio e longo prazo precisamos já antever e disseminar uma atenção maior para o pequeno comércio local que fica exposto à maior risco.

Se consultarmos o IBGE o pequeno comércio é responsável por quase 80% da geração de empregos desse ramo de atuação, enquanto que as maiores varejistas ficam com a menor parcela dos empregos e e sua consequente distribuição de renda.

Portanto, não se esqueça que se tomar medidas para a proteção da harmonia econômica dessa parcela da população, além de estar se promovendo o bem, o síndico protege o condomínio no longo prazo ao propagar com algum sucesso essa visão.

Em meio a um cenário tão perigoso que ainda poderá chegar a um patamar de baixas próximo dos números que acompanhamos na Itália pelos noticiários, concluo que é fundamental que o síndico (seja ele profissional ou morador) reúna conhecimento com outros que desempenham a mesma função e, portanto agregam responsabilidades similares.

É apenas com as boas práticas e ideias criativas que podemos superar obstáculos inéditos como o que vivemos nesse momento. Aconselho que os síndicos que estejam ainda buscando quais medidas adotar com as mudanças na realidade condominial, que procurem profissionais qualificados da área da saúde, da química, da infectologia e até mesmo da área de direito para se consultar e tomar decisões mais acertadas.

Nos casos onde presenciei atuação mais assertiva, foram justamente onde em condomínios onde informação chegou em primeiro lugar. Se não mais para esse surto do Coronavírus, promova esse Network pelo bem de seus condôminos e pela responsabilidade crescente em nossa função.

Me coloco à disposição da mesma forma. 

Flávio G. Pierobon, 

CEO e Fundador da FGP Sindicância e Gestão

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